Das palavras aos actos!
Maio 23, 2008, 9:45 pm
Filed under: Em foco

O povo é sereno, dizia um político que se fartou da politiquice. Pessoalmente considero que o nosso povo é demasiado sereno, um povo subserviente e cuja passividade resvala para a cobardia. Poderia inumerar diversos e distintos casos que o comprovam, mas os recentes acontecimentos na área dos combustíveis são a prova mais viva disto que aqui, com absoluta tristeza, expresso. As grandes companhias ligadas ao negócios dos combustíveis aumentaram os preços dos mesmos 20 vezes em apenas 5 meses, e contudo nem um só grito popular de indignação, nem um só gesto de revolta, nem uma única manifestação de protesto. Isto plasma bem o estado de carneirice a que chegou este povo tão estranhamente herdeiro daqueles que protagonizaram a revolta do Manuelinho ou a Maria da Fonte.

Alguns amigos fizeram-me chegar mensagens apelando a uma mobilização geral de protesto face aos recorrentes aumentos dos preços dos combustíveis, denunciando particularmente as três maiores detentoras do negócio em causa. Se algumas mensagens aludem os dias 1, 2 e 3 de junho outras referem o dia 10 de Junho para efectuar este protesto nacional. Pela minha parte, enquanto utilizador diário de um automóvel, comprometo-me a aderir militantemente a esta mobilização cívica, exortando todos os meus companheiros e leitores deste blog a fazerem o mesmo.

Basta de exploração!


17 comentários so far
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Falar é fácil, mas trata-se de dependência económica absoluta: precisamos de combustível para a indústria; de combustível para a agricultura e de combustível para os transportes.
Como não estou a ver ninguém a ir de Massamá ao Campo Grande em bicicleta todos os dias, o povo, que já é sereno, também fica entalado.
O protesto de dia 1, 2 e 3 vai fazer com que as pessoas tenham de abastecer dia 30 ou dia 4. Resultado: nenhum.
Olha, é como os protestos dos professores ou dos funcionários públicos: eles protestam, perdem o vencimento desse dia, e a vida continua.
Lamentvelmente é assim.

Comentar por Pippo

PS – OK, Massamá foi mau exemplo (tem comboio), mas imaginemos outra terra que só seja servida por transportes públicos, daqueles que passam de hora a hora… Caneças, por exemplo.

Comentar por Pippo

Caro Pippo, a verdade é só uma e de sentido único, ou seja, se nada fizermos, se cruzarmos os braços, se nos calarmos ou limitarmo-nos a encolher os ombros numa atitude passiva e acomodatícia, de absoluta complacência e rendição, bom, então nem vale a pena acalentarmos qualquer esperança de ver a situação melhorar e o melhor mesmo é dar um tiro na cabeça ou viver como meros caprinos.

Pela minha parte prefiro meter em prática alguma forma de resistência, por incipiente que seja de momento.

Abraço e saudações identitárias.

Comentar por arqueofuturista

Mais uma vez temos de recorrer a exemplos “de fora”, emFrança os pescadores entraram em greve e bloquearam as refinarias e portos em protesto pelo preço do gasóleo para as suas embarcações, resultado o estado francês já anunciou uma série de medidas para que os cutos com combustivel sejam deduzidos.

Em Portugal está nas nossas mãos obrigar o estado a baixar o imposto sobre combustiveis, e as petroliferas a reduzirem as suas margens de lucro (basta vermos os seus lucros para percebermos o exagero).

Comentar por RGMateus

De certeza Arqueo. Subscrevo. Em casa ou no Parlamento, não vamos a lado nenhum.
Abraço.

Comentar por pintoribeiro

Amigo RGMateus, focaste um ponto importantíssimo, o papel do estado nesta vergonhosa situação, porque além das companhias pretolíferas, o estado português é o directo beneficiário do negácio dos combustíveis, já que 70€ da fatia vai directo para os cofres do mesmo, enquanto que no país vizinho ronda apenas os 30€. Isto é gritante e nojento, daí que ninguém vê ou ouve a nossa administração central a comentar este assunto.

A revolta não é um direito apenas, é acima de tudo um dever!

Camarada Pintoribeiro, no teu caso nem duvidaria sequer por um minuto que concordas com aquilo que aqui escrevo.

Abraço a ambos.

Comentar por arqueofuturista

quem tiver dinheiro que compre um carro a gás ou hibrido ou a electricidade.
quem nao pode, la tem de ficar mais pobre.

Comentar por Kim

O caso francês não se adapta bem ao nosso caso por duas razões:
– foi uma acção por parte de um grupo restrito, o que tem vantagens em termos de mobilização e adesão;
– A sua acção tem impacto económico alargado pois põe em causa os armadores, as lotas e as indústrias de pescado; o acesso dos consumidores ao pescado; e pelos vistos, bloquearam locais de importância económica elevada, ou seja, as refinarias, o que bloqueia praticamente o país.

No nosso caso, lamento ser pessimista mas acho que “o povo” não vai fazer greve geral por causa da gasolina. Não deixará de ir trabalhar por causa disso, para não colocar em risco os 500€ que ganha mensalmente. Também não irá bloquear as refinarias nem nada que se pareça porque não tem nem capacidade de mobilização nem de se colocar à frente de um cordão policial e levar bastonada.

Na Função Pública, quando os funcionários fazem greve, os políticos riem-se. E sabem porquê? Porque eles sabem que o que deixou de ser feito hoje terá de ser feito amanhã, e com prazos mais apertados. No caso de serviços que mexam com dinheiro, não faz mal porque o que não se cobra via multibanco hoje (que já é quase tudo) cobra-se amanhã. E ao final do dia, o governo constata que poupou uma data de massa com os salários que não serão pagos pelo dia de greve.
Resultado: 3- 0, ganha o Governo.

Quanto à nossa greve, como a malta terá de abastecer o automóvel mais cedo ou mais tarde, uma “grevezita” insustentável de uns dois ou três dias será apenas um contratempo menor. E depois lá toca a atestar o depósito, e é se queres!

Todavia, digo desde já que antes do meu primeiro comentário já tinha decidido aderir ao protesto de dia 1, 2 e 3, e até lá abastecer-me na Esso ou algo assim. Vou fazer algo, apesar de achar que não serve de nada.
Espero, muito sinceramente, estar redondamente enganado, que eu só vejo o meu país ir de mal a pior.

Abraço a todos

PS – Arqueo, o que é que dizes sobre a notícia da semana passada sobre as desigualdades sociais gritantes em Portugal? Talvez seja merecedor de um “post”?

Comentar por Pippo

Comprem uma bicicleta, a gasolina vem do petróleo que não dura para sempre. E para alem disso, não há espaço para tanto carro, mesmo que sejam híbridos, electricos, a hidrogénio ou movidos a outro tipo de energia milagre QUE NAO VAI CHEGAR A TEMPO DE NOS SALVAR.

Comentar por O Ciclista völkisch

Caro kim, tomara que fosse assim tão simples, mas a realidade é bem mais complicada e a solução do Ciclista Volkish não me parece para já também exequível. Para tal era preciso que a convergência de catástrofes atingisse a sua fase derradeira e então, sim, algo novo (arqueofuturista) surgisse.

Pippo, compreendo o teu pessimismo, mas o que nos resta senão protestar de algumaforma. O governo português é asquerosamente hipócrita, sendo as declarações de manuel pinho disso o melhor exemplo, quando refere que os combustíveis em Portugal estão ao nível dos demais países europeus, o que não é verdade, mas mesmo que fosse, o ministro olvida que o nível salarial médio em portugal está muito abaixo da média europeia.

O que mais me custa mesmo é assistir à passividade e complacência deste nosso povo arrebanhado, isso é que me dói e me provoca um enorme impressão no mau sentido.

De resto, amigo, se quiseres escrever algo sobre as desigualdades sociais, por favor, não deixes de o fazer porque eu estou sem tempo algum, conforme se vê pelo ritmo de publicações no blog.

Um abraço a todos.

Comentar por arqueofuturista

Eu sei que é radical demais mas para mim esta merda era ir para a rua e fazer correr sangue dos merdosos que “mandam” cá no burgo. Ando farto desta gente pá … O que vale é que me considero uma individuo com os parafusos todos porque o que aqueles FDP mereciam era levar umas boas chapadas por andarem a gozar com quem trabalha.

Comentar por Surviver667

Pippo, o artigo sobre a demência islâmica foi publicado no Novopress.

Caro Surviver667, compreendo que vontade não falte para que esta corja que nos chupa o dinheiro e a vida pague de maneira brutal o mal que pratica, mas já estou como os anarquistas do século XIX, que diziam que os culpados são aqueles que colocam no poder a canalha exploradora…

Comentar por arqueofuturista

Sim, caro amigo esse ainda é o problema maior!

Comentar por Surviver667

É o problema de teres de votar em partidos que depois “escolhem” os seus/teus representantes. Como é que os controlas? Não controlas. Como é que punes as suas faltas? Não punes prque eles têm imunidade “par(a) lamentar” e na legislatura seguinte são novamente nomeados pelos partidos que os puseram lá.
A única alternativa seria teres representantes directos que fossem responsáveis, cível e criminalmente, pelos seus actos. Mas para isso teria de haver uma lei que o contemplasse, e quem é que aprova as leis? …
Em suma, estamos lixados em toda a ordem.

Comentar por Pippo

Vi isto hoje na net

Combustíveis: Petrolíferas arriscam perdas avultadas com boicote popular

O boicote, cujo apelo tem sido feito através de email e sms, pode representar, só para a Galp – gasolineira possuidora da maior rede de retalho – quebras nas vendas na ordem dos 13 milhões de euros por dia.

A Galp é uma das visadas no apelo ao boicote nos próximo dias 1, 2 e 3 de Junho, que tem sido levado a cabo por email e sms.

Os aumentos sucessivos dos preços dos combustíveis levaram a esta acção popular que pede aos consumidores para não abastecerem nas grandes gasolineiras a operar em território nacional durante estes três dias.

Com 1.025 estações de serviço em Portugal, a Galp poderá perder, caso o boicote aconteça, cerca de 13 milhões de euros por dia, calcula o Semanário Económico.

O jornal fez as contas tendo por base as vendas médias por posto que são da ordem dos 3,1 milhões de metros cúbicos.

Apesar dos aumentos terem posto em confronto os responsáveis das petrolíferas e os revendedores de combustíveis, sobre o boicote ambos estão de acordo: repudiam-no categoricamente, escreve o semanário.

Em caso de boicote, “os grandes prejudicados” são os revendedores e concessionários que “já hoje passam dias difíceis”, sustenta o presidente da Associação Nacional de Revendedores de Combustíveis (ANAREC), Augusto Cymbron.

“Lamento que estas palavras se utilizem a uma indústria que é séria. São precipitadas, inapropriadas e injustas”, afirmou, por seu turno, o presidente da Galp, Ferreira de Oliveira, durante a apresentação dos resultados trimestrais da empresa.

Cerca de 5.000 empresas e 250 a 300 mil pessoas abastecem nas estações de serviço daquela petrolífera.

amf, Sexta 23, às 17:08

Comentar por Pippo

Como já era de esperar isto não vai dar em nada!
Hoje, Domingo, dia de descanso para a grande maioria da população, aquele em que, dos 3 dias, poderia ser o de maior adesão ao protesto, não me parece que o tenha sido! Saí de manhã para dar uma volta aqui na Amadora e ir ás compras ao Continente, no percurso que fiz passei em pelo menos 7 postos de abastecimento (Repsol, Galp e BP) todos eles cheios, a mesma fila estúpidamente enorme no Posto do Jumbo de Alfragide, desta vez com cerca de 1km ou mais! À tarde no percurso Amadora-Restelo-Brandoa, deparei-me com o mesmo cenário, se bem que a BP do Restelo aparentava ter pouco ou nenhum movimento, de resto Postos cheios e olhem que não são poucos! Com isto não me parece que, amanhã dia de trabalho, a adesão vá aumentar… Mais uma vez está provado que o Português dá-se por satisfeito com “pão e circo”! E com isto quem se fica a rir são as gasolineiras, pois fala-se muito e grita-se ainda mais e faz-se muito pouco! Deixo o meu abraço de solidariedade a todos os pescadores e armadores, pois esses foram e são os únicos, que desde que me conheço a mim próprio, sempre lutaram pelos seu direitos quando foram chamados a isso…

Comentar por Haglaz

Camiões parados, postos de abastecimento no limite, muitos veículos, pouco combustível, já é bem visível… Veremos até onde é que isto vai chegar!! Eu cá aposto em mais uma manobra inteligente e vitoriosa do Governo como aquela que sucedeu com a paralisação dos pescadores… Já para não falar do facto de o grande capital, como é o caso da Jerónimo Martins, colocar os seus camiões na estrada com escolta policial “paga”!!!

Comentar por Haglaz




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