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por Miguel Ângelo Jardim
O surgimento de partidos políticos “Verdes” representa uma viragem essencial na ecologia política.
Na Alemanha a presença dos “Grünen” é significativa em termos eleitorais, sobretudo a partir dos anos 80. A sua contribuição para o debate e luta política deve-se em grande parte ao activismo antimilitarista e às posições pacifistas e muito menos à militância ecológica e ambientalista.
O carácter ambiguo desta postura reflectiu-se de imediato na eclosão de facções internas, uma mais “fundamentalista”, a outra mais pragmática, debruçada sobre os problemas económico-sociais. Assim, não é de admirar que mais tarde tenha aparecido o Partido Democrático Ecologista (ODP) liderado por Herbert Gruhl.
Em França, pelo contrário, a divisão foi desde logo patente entre os ecologistas políticos e os defensores da ecologia pura, próximos da “deep-ecology”, inspirada pelo pensador Norueguês Arne Naess. Tendo como grelha de interpretação o convencional quadro político os partidos “verdes”situaram-se sempre mais à esquerda. A apologia do multiculturalismo (são contra a introdução de espécies exóticas nos ecossistemas, mas ao mesmo tempo militam pela transferência descontrolada e caótica de populações exógenas, no mínimo incoerente e contraditório); a defesa do aborto livre e em qualquer circunstância a pedido da mulher; a liberalização das drogas leves (são contra a poluição e a contaminação da atmosfera, mas no que se refere ao próprio corpo, outra é a postura); a promoção do feminismo intolerante e dogmático; etc.
Estas tomadas de posição empurraram inevitavelmente os “verdes” para sectores esquerdistas do espectro político. Uma aliança entre os desiludidos com a esquerda tradicional, com os frustrados do “socialismo real” e a nova vaga de bem-intencionados, mas ingénuos, ou talvez não, defensores das causas ecológicas. O que realmente se passou foi uma bem concebida confiscação da ecologia e da defesa da natureza pela bem organizada e estruturada esquerda, órfã das falhadas experiências histórico-políticas realizadas no leste da Europa e noutras partes do mundo.
Continua.
2 comentários so far
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Este artigo é interessante, mas escreves trechos tão curtinhos que o melhor é deixar comentários para o fim…
Comentar por Rodrigo Junho 16, 2007 @ 9:39 pmObrigado, Rodrigo.
Abraco
Comentar por Miazuria Junho 17, 2007 @ 1:28 pm