Contra o jacobinismo, pela Europa federal
Abril 25, 2007, 10:52 am
Filed under: Europa

Alain de Benoist e Charles Champetier Manifesto: A Nova Direita do ano 2000 

A primeira guerra dos Trinta anos, concluída pelos tratados de Westefália, marcou a consagração do Estado-nação como modo dominante da organização política. A segunda guerra dos Trinta anos (1914-45) assinalou pelo contrário o início da sua desagregação. O Estado-nação, procedente da monarquia absoluta e do jacobinismo revolucionário, é doravante demasiado grande para gerir os pequenos problemas e demasiado pequeno para enfrentar os grandes. Num planeta mundializado, o futuro pertence aos grandes conjuntos civilizacionais capazes de se organizarem em espaços auto-centrados e de se dotarem da necessária potência para se opôrem à influência dos outros. Face aos Estados Unidos e às novas civilizações emergentes, a Europa é assim chamada a construir-se sobre uma base federal, reconhecendo a autonomia de todos os seus componentes e organizando a cooperação das regiões e das nações que a compõem. A civilização europeia far-se-á pela adição, e não pela negação, das suas culturas históricas, permitindo desse modo a todos os habitantes retomar plenamente consciência das suas raízes comuns. O princípio de subsidiariedade deve ser a chave mestra: a todos os níveis, a autoridade inferior não delega o seu poder à autoridade superior senão nos domínios que escapam à sua competência.

 

Contra a tradição centralizadora que confisca todos os poderes a um só nível, contra a Europa burocrática e tecnocrática que consagra os abandonos de soberania sem os devolver a um nível superior, contra uma Europa que seria apenas um espaço unificado de comércio livre, contra “a Europa das nações”, simples adição de egoismos nacionais que não premune contra um regresso das guerras estrangeiras, contra “uma nação europeia” que seria apenas uma projecção aumentada do Estado-nação jacobino, a Europa (ocidental, central e oriental) deve reorganizar-se da base ao topo, os Estados existentes federalizando-se internamente para melhor se federarem exteriormente, numa pluralidade de estatutos particulares temperados por um estatuto comum. Cada nível de associação deve ter o seu papel e a sua dignidade próprias, não derivados da instância superior, mas fundados sobre a vontade e o consentimento de todos os participantes. Não chegarão por conseguinte ao topo do edifício senão as decisões relativas ao conjunto dos povos e das comunidade federadas: diplomacia, exército, grandes decisões económicas, regulamentação das normas jurídicas fundamentais, protecção do ambiente, etc. A integração europeia é igualmente necessária em certos domínios da investigação, da indústria e das novas tecnologias de comunicação. A moeda única deve ser gerida por um Banco central sujeito ao poder político europeu. 


22 comentários so far
Deixe um comentário

Texto matricial e fundador de algo novo!
Brilhante, nas ideias e na sua redaccao.

Saudacoes

Comentar por Miazuria

Texto matricial e fundador de algo novo!
Brilhante, nas ideias e na sua redaccao.

O texto mete-me impressão caro Miguel ;) Só o título me assusta

Um abraço aos dois.

Comentar por Pantera

Assusta em quê? Lê com atenção verás que já não te fará impressão, pois como dizia Fernando Pessoa “Primeiro estranha-se, depois entranha-se.”

Comentar por arqueofuturista

Europa Federal caro arqueofuturista….isso assusta qualquer um, não quero os estados unidos da europa por cá. Cooperação económica, social, industrial e militar caso seja necessário , sim, mas federalização ou confederação jamais

Um abraço

Comentar por Pantera

“A moeda única deve ser gerida por um Banco central sujeito ao poder político europeu.”
xxx
Alguém tem dúvida de que este blogue é uma provocação antinacionalista????

Comentar por O Tal

“Primeiro estranha-se, depois entranha-se.”

Por andas rapaz?
A frase é um pouco maricas, mas talvez seja o primeiro passo para um “homo nacionalismo” arqueofuturista.

Comentar por Alberto Bruno

Rapazola que assinas como O Tal e Alberto Bruno mas que não terás oportunidade de aqui voltares a deixar a tua logorreia reaça e venenosa, quero apenas dizer-te que este blog não é provocação anti-nacionalista simplesmente porque o mesmo não é nacionalista, mas antes arqueofuturista e identitário, isto é, como não me pareces muito dotado de inteligência explico melhor, este blog está para além do nacionalismo.

Quanto à tua observação sobre a frase de Pessoa a mesma revela uma notória obssessão de cariz sexual, ou por outras palavras, a tua frustração que tudo reduz ao âmbito sexual diz muito acerca de quem essas palavras redigiu. Não entras para a estatísticas de violência doméstica porque não tens mulher e porque nenhuma que olhe para ti fica imune à gelada repulsa pelo homo horribilis que és e ainda por cima armado em machão burgesso.

Portanto, pira-te daqui com o teu nacionalismo reaccionário e pestilento para o Restelo e junta-te ao velhinho que por lá ainda deve andar.

Comentar por arqueofuturista

Nada sou o Alberto Bruno, por isso penso que não passas de um histérico que gosta de insultar.

escreves “quero apenas dizer-te que este blog não é provocação anti-nacionalista simplesmente porque o mesmo não é nacionalista”
Obrigadinho pelo esclarecimento.

Comentar por O Tal

Alberto Bruno | IP: 84.78.90.45
O Tal | IP: 84.78.90.45

Realmente há com cada anormal! És um mentiroso e ainda por cima padeces de cris de identidade.

Ainda bem que ficaste esclarecido, agora pôe-te a andar e não voltes.

Comentar por arqueofuturista

Respecto al texto, creo que todos estamos de acuerdo con él, pues esta idea está en la linea de lo expuesto por G.Fayé, si bien lo encuentro bien resumido y expuesto, aunque sobre ésto, valdría la pena debatir un poco más sobre algunos particulares: ¿Cual sería la organización política, algo semejante a una confederación? ¿Cual sería su sistema político? Desde luego espero que nada parecido a esta pseudodemocracia burocrática de Bruselas, rica en frases grandilocuentes y lugares comunes, y pobre en utilidad, que enmascara intereses que nada tienen que ver con los reales de los europeos… ¿cómo sería la relación entre los distintos estados? ¿cuales serían sus límites territoriales? ¿cual su idea-fuerza?
Bueno, a ver, ideas…

Comentar por Pepin

É um texto verdadeiramente marcante pelas portas que abre e pelos horizontes que perspectiva. É empolgante, avassalador e grandioso, características que devem sempre nortear o pensamento e a acção de qualquer bom europeu. É de facto esse o caminho que eu quero e é por essa visão grandiosa de futuro que me irei bater até ao fim dos meus dias.

Comentar por Rui Paulino

Jesus!
Acabei de ler os 31 comentários de “o novo totalitarismo” e estou passado, Arqueo tens de por esse sr.Pantera na ordem, os últimos comentários dele mostram que entrou em parafuso.

Saudações identitárias

Comentar por social-patriota

Na caixa de comentários do tópico anterior, os camaradas e amigos Miguel e Rafael disseram que defendiam uma confederação, não uma federação.

O texto deste tópico promove o federalismo.

Qual é então a posição do Miguel, do Rafael e do Arqueofuturista a respeito da diferença confederação vs. federação?

Comentar por Caturo

Tal como o Federalismo, da forma como os autores o concebem, não implica necessariamente o modelo federal que a UE padecente de bruxelose nos quer impor, também o conceito de Europa das Nações não implica necessariamente que a guerra fraticida entre europeus seja mais susceptível de acontecer num tal modelo. Pelo menos não na maneira como eu o concebo. É preciso cuidado: historicamente os povos Europeus gostam de sentir-se poderosos, mas livres. Há pois que encontrar um Europeísmo que tenha em conta esta situação. O que não é fácil, mas também não se me afigura de todo impossível. Basta que os nossos laços de irmãos que de facto somos sejam convenientemente fortalecidos.

Comentar por Paulo

Caturo eu não temo o federalismo, não o encaro como o papão devorador das nações muito pelo contrário. Já o Miguel e o Rafael claramente apresentam algumas reservas e optam por defender uma confederação. Contudo, estas diferentes opiniões (não confundir com posições, pois estas últimas estão bem expressas na declaração de princípios da Causa Identitária) são demonstrativas de que cada vez mais o europeísmo é encarado favoravelmente, sem temores desprovidos de sentido, e assumido como o natural retorno à casa-mãe deste nosso Portugal, após a gesta gloriosa por este empreendida durante o período em que se debruçou para o Atlântico.

Comentar por arqueofuturista

Paulo, efectivamente afigura-se uma incompreensão por parte de algumas pessoas no que ao federalismo concerne, pois seria necessário tipificar que federalismo se pretende. Ora, o federalismo que Benoist e Champetier preconizam pouco terá a ver com o federalismo preconizado pelos europlutocratas. Os eurocépticos deverão procurar estudar de forma menos preconceituosa os modelos federalista e confederalista de maneira a perceberem que isso sob forma alguma é conducente à obliteração das culturas e pátrias carnais. Já foi citado, mal, e de forma depreciativa o exemplo dos EUA, uma federação de estados mas não de nações. todavia, mesmo os estados que compõem os EUA não sendo nações atente-se nas diferenças culturais e de mentalidades existentes no seu seio, e como a federação não só não apagou esses traços distintivos do americano do Mississipi ou do Idaho, como tornou os EUA na hiperpotência que é actualmente.

Caminhamos rapidamente para a constituição de blocos continentais e nós europeus não podemos, com base em preconceitos históricos ou por temerosa ignorância do que dessa união poderá advir rejeitar a possibilidade de nos transformarmos no mais poderoso bloco continental que a humanidade jamais presenciou. A unidade europeia representa a nossa aventura do século XXI e como toda a aventura deverá ser assumida alegremente.

Comentar por arqueofuturista

Respondo claramente,sou por uma Confederacao, na medida em que esta consagra mais poderes aos estados nacionais por outro lado as nacoes sao soberanas, dentro do que hoje e possivel conceber a soberania no quadro do direito internacional.

Existem exemplos historicos: a Confederacao Helvetica, que mais tarde evoluiu para a figura de Federacao, a Confederacao Sulista, onde os estados tinham realmente poder face ao poder central, a Confederacao Germanica, etc
Alias o federalismo Americano hoje e mais descentralizado do que o actual modelo Europeu:burocratico, negador da democracia e das liberdades locais….

No quadro nacional, e quando existirem motivos para tal(etnicos,linguisticos, geograficos/ilhas) preconizo o modelo federal.

Leiam o meu ultimo artigo sobre o “Nacionalismo Basco”, estao la algumas das minhas ideias sobre o tema.
E tambem o que esta escrito na Declaracao de Principios da CI.

Mas o que aqui interessa e que sou Europeista, de uma forma ou outra a Europa tem que se unir…ou sera engolida, e por muitos glutoes de diferentes cores!
Isto e que e o importante!

Saudacoes Identitarias

Comentar por Miazuria

Compartilho da opinião do Miazuria. Na Confederação, cada Estado membro conserva a sua soberania e independência, excepção feita às competências que são vazadas na confederação por força do pacto confederal, que em regra respeitam a assuntos internacionais. Os órgãos confederais têm poderes delegados pelos Estados e não poderes próprios, sendo que a execução das decisões da Confederação há-de fazer-se através dos órgãos internos dos Estados e não mediante acção directa da Confederação.

Comentar por Rafael

Ainda bem que este tema está a ser discutido e opinado. Desculpem a minha intrusão, sou um homem do povo que se pré (ocupa) com todas as questões politico económicas e sociais que vão surgindo no desenrolar deste século. Mas não querendo ser tendencioso ou ser partidário de qualquer coisa, gostava de vos questionar. Como vai ser possível construir uma Europa federalista ou confederativa ou o que quer que seja com tantas (des) assimetrias económicas e um estado a pensar, decidir e julgar o que é melhor para os outros??? Acho que aqui está a faltar entender qualquer coisa. Com o devido respeito por quem escreve e idealiza estes bonitos textos, creio que existe um pouco de utopia.

Comentar por Arcanus viritis

Se houver uma espécie de regionalização a nível europeu, cada um decide o melhor para si a nível “interno”. A nível europeu, apenas seriam decididas as orientações gerais.
Assim, já não ninguém decidia ou julgava o que seria melhor para os outros, uma vez que a nível regional cada um decidia por si, a nível europeu, esses poderes supranacionais eram delegados às respectivas entendidades pelas próprias regiões.

Comentar por Vera

Estimado Arcanus viritis, e por isso mesmo que e imperioso e fundamental um desenvolvimento harmonioso e solidario entre todos os estados Europeus, numa Confederacao os estados sao juridicamente e politicamente iguais.

A utopia, em doses sensatas, e um bom estimulo para o sonho, e este faz o mundo pular e avancar como uma bola colorida nas maos de uma crianca…Nao foi assim que o poeta escreveu?

Bem escrito, amiga Vera.

Saudacoes

Comentar por Miazuria

E nao menos boa explicacao, tecnico-juridica, amigo Rafael.

Saudacoes

Comentar por Miazuria




Deixe uma resposta para Rui Paulino Cancelar resposta